Imagem de Gerd Altmann por Pixabay
O Conflito e o Meio Adequado de Solução (MASC)
*Celina Reis
No primeiro artigo “O conflito é a mola mestra da mudança”, vimos que de fato o conflito é inerente à vida e pode ser resolvido de várias formas. É possível enfrentá-lo lançando mão de modelos onde um terceiro “decisor” trata a questão e dá a solução ou ainda utilizando modelos onde os envolvidos são os protagonistas e devem construir, durante o processo, a melhor solução.
No início dos tempos tínhamos a resolução de um conflito utilizando o “olho por olho, dente por dente”, a força física era a ferramenta utilizada para se atingir um objetivo. Evoluímos e trouxemos o Estado com o propósito de, através do pacto social, termos segurança e proteção. Um Estado promovendo a justiça.
No entanto, o conflito desabrocha como as flores na primavera. Divergências de pensamentos, opiniões, interesses, estão germinando a todo o instante e nas mais variadas situações. Em uma rosa temos a flor e os espinhos e a ausência de um, impacta na vida do outro.
Para Karl Marx o conflito é a divisão em dois lados, grupos sociais com interesses divergentes e opostos. Temos a classe dominante e a classe trabalhadora, onde o poder se faz presente na primeira classe e a subserviência na segunda. Essa oposição aparece claramente, nos dias de hoje, pois o sucesso de uma classe está intrinsecamente ligado à dominação que exercerá em relação à outra. A riqueza de uma, depende da pobreza da outra e a ascensão dessa classe mais deficitária acarreta a ausência de mão de obra propulsora da riqueza da mais empoderada.
Antes de avançarmos, vamos fazer uma experiência. Feche seus olhos e pense em pelo menos três sinônimos da palavra “conflito” e logo após pense em três antônimos.
Quando pensamos sobre o significado de “Conflito”, imediatamente trazemos à mente, na maioria das vezes, a oposição como núcleo e o sentido negativo como característica (disputa violenta, antagonismo, enfrentamento, discussão, entre outros). Fico tentada em apostar que pelo menos duas das palavras que vieram a sua mente estão contidas em cada uma das colunas da tabela abaixo.
Dê uma olhada na tabela e me diga, ganhei a aposta?
Esse modelo de pensamento está ultrapassado. Quando vemos um conflito como algo necessariamente negativo, assumimos um estado de ataque e defesa e não há nada pior do que enfrentar uma situação previamente na defensiva. Este estado de espírito impossibilita ouvir o que a outra parte tem a dizer e impede a leitura das entrelinhas, das emoções e da finalidade de cada atitude ou comportamento.
Os Meios Adequados de Solução de Conflito (MASC) envolvem vários modelos como a Mediação, a Negociação, a Arbitragem, a Conciliação, entre outros.
Esses modelos têm suas especificidades e seus processos, e a forma como acontecem determina o método escolhido na busca da resolução do conflito.
Cada método traz um conjunto de processos que devem atender aos requisitos de cada modelo.
Logo, é necessário percorrer etapas cumprindo procedimentos que se alternam enquanto a rota escolhida é trilhada como a mais adequada para certa demanda.
Essa percepção trouxe um olhar diferenciado para a forma mais antiga de se buscar uma solução, a negociação. Este é o modelo mais utilizado no nosso dia a dia, já que a todo momento negociamos algo, de forma direta ou indireta, em busca de acordos e pactos.
Com a intenção de aproximarmos dessa nova visão de justiça onde se procura tratar as questões utilizando a autocomposição na busca da pacificação do caso, convido você a embrenharmos pelo mundo da “Negociação” no próximo artigo.
*Celina Reis é consultora organizacional, mediadora de conflitos, bacharel em Tecnologia, pós-graduada em Gestão de Negócios e Tecnologia da Informação e bacharel em Direito pela PUC Minas.
Este post é uma contribuição exclusiva de Celina Reis para o Guia BH Mulher
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