Oncologista do Hospital San Paolo fala sobre principais causas, diagnóstico e prevenção do câncer de mama
No mundo todo, o mês de outubro é dedicado à campanha para atenção e prevenção contra o câncer de mama. É o Outubro Rosa, em que uma série de ações acontecem como forma de conscientizar a população. Atualmente, estima-se que ocorram cerca de 1,5 milhão de casos novos de câncer de mama, por ano, no mundo. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, ocorrem, aproximadamente, cerca de 60.000 casos novos por ano.
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O oncologista Dr. Carlos Alberto Reis Freire, do Hospital San Paolo – Centro hospitalar localizado na zona norte de São Paulo, esclarece abaixo dúvidas básicas sobre causa, diagnóstico e prevenção da doença.
Primeiramente, é preciso entender o que é o câncer de mama. Segundo Dr. Carlos Alberto, damos o nome de câncer de mama a um ou mais nódulos, formados por células que se multiplicam descontroladamente, que podem aparecer nas mamas. Como o número de células vai aumentando, o tamanho do nódulo aumenta progressivamente. Algumas células podem se desprender do nódulo e se deslocar para outras partes do corpo da mulher, formando as chamadas “metástases”.
Não existe uma causa específica para a doença, mas existe sim uma série de fatores que podem facilitar o seu aparecimento. “Sabemos, por exemplo, que há uma relação entre o consumo progressivo de bebidas alcoólicas e o risco de aparecimento de câncer de mama. O risco em mulheres que ingerem mais de 3 doses de bebidas alcoólicas/dia é maior que o dobro do risco em mulheres que não o fazem. Também está bem estabelecida a relação entre dietas ricas em gordura e obesidade e o risco de câncer de mama. Da mesma forma, está a vida sedentária e a falta de exercícios”.
Mulheres que começaram a menstruar muito jovens e que demoraram para entrar na menopausa têm maior risco, bem como as que nunca tiveram filhos ou o tiveram já com mais idade, geralmente acima dos 30 anos. “Embora controverso, é recomendado a amamentação pelo maior tempo possível, com evidentes benefícios para a criança e diminuição do risco de câncer de mama. A terapia de reposição hormonal pode, em certos casos, aumentar o risco de câncer de mama. Recomenda-se discutir detalhadamente seu uso, bem como o de anticoncepcionais orais, com o médico, avaliando-se os prós e os contras de tal medida. Existem mulheres com um risco muito grande de terem câncer de mama (geralmente com outras mulheres na família que tiveram câncer de mama quando muito jovens, geralmente antes dos 30 anos). A alteração genética mais comum em tais mulheres é uma mutação nos genes BRCA1 ou BRCA2, detectada por exame laboratorial”.
A auto-palpação da mama pode detectar o surgimento de um nódulo a ser investigado. A maioria das mulheres, porém, não percebem o início da doença, e só vão se dar conta da sua existência quando o nódulo já está muito grande ou aparecerem sintomas decorrentes de metástases. “Por isso é que recomendamos os exames periódicos preventivos. Diante da constatação de um nódulo suspeito, deve-se proceder à realização de uma biópsia (retirada de um “pedacinho” do nódulo para estudo laboratorial) e confirmação ou não do diagnóstico. Embora possa ser útil, existe o risco do auto-exame das mamas levar a um comportamento obsessivo-neurótico. Portanto, recomendo que sua utilização seja discutida entre a paciente e seu médico, que lhe explicará como fazê-lo adequadamente e com qual freqüência”.
Quando o câncer for detectado precocemente, as chances de cura são praticamente totais. À medida que os cânceres detectados já estejam mais avançados, esta chance vai diminuindo. “Mas o que estamos observando atualmente, com a disponibilidade de tratamentos modernos cada vez mais eficientes, mesmo nos casos avançados existe a possibilidade de se conseguir manter a paciente viva e com boa qualidade de vida por muitos anos, estando o câncer de mama passando por uma transformação, de uma doença letal, para uma doença crônica controlável, tal como ocorre com doenças tais com o hipertensão arterial, diabetes, cardiopatias, etc”, finaliza Dr. Carlos.
Este post é uma contribuição da GP Image para o Guia BH Mulher
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