Que tal presentear seu filho com um animal doméstico? Saiba os benefícios
*Por Dr. Carlo Crivellaro
É só chegar o mês de outubro que a molecada fica alvoroçada! Não é para menos. O dia da criança é uma das datas mais adoradas pelos pequenos! E por que não o presentear com um bichinho de estimação? Conviver com animais traz grandes e importantes benefícios na vida das crianças, pois ajuda na formação de competências e habilidades para a vida adulta.
O desenvolvimento infantil está dividido em crescimento biológico (aspecto físico) e o desenvolvimento das habilidades e das capacidades (cognitivo, emocional e social). Foi comprovado cientificamente que apenas 30% do desenvolvimento infantil (Leia aqui: Adotar um pet ajuda no desenvolvimento das crianças) é genético, e 70% depende de estímulos externos (brincadeiras, atividades e exercícios), principalmente até os 3 anos de idade.
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Ao permitir que a criança conviva com animais de estimação desde pequena, os pais estão oferecendo ao filho uma maneira incrível de experimentar o mundo físico e social, estimulando habilidades motoras e cognitivas, e, ao mesmo tempo, diminuindo problemas emocionais por meio do vínculo afetivo com o animal. Este relacionamento pode trazer para a criança conforto, aumento da autoestima, apoio e confiança. Estudos mostram que crianças com animais de estimação desenvolvem benefícios nas seguintes áreas:
• Benefícios físicos:
Uma pesquisa sobre desenvolvimento infantil, realizada nos Estados Unidos, mostrou que crianças que interagem com seu animal tendem a não desistir com facilidade de atividades que julgam ser difíceis. Junto com o animal, a criança tenta novamente, com persistência, até conseguir realizar seu objetivo, de maneira que nenhum programa de televisão, jogo, videogame ou brinquedo conseguiu estimular.
Quanto mais estímulos a criança tiver, mais conexões neurológicas se formarão e, portanto, mais habilidades a criança vai ter. A presença de um animal de estimação em casa, interagindo diretamente com a criança, incentiva a realização de atividades de coordenação motora global (engatinhar, ficar em pé, andar, equilibrar-se, correr, subir e descer escadas) e atividades de coordenação motora fina (desenhar, pintar, segurar objetos pequenos). Crianças de famílias que possuem um animal de estimação tem maior desenvolvimento motor.
• Benefícios psicológicos:
O vínculo que surge entre a criança e o animal faz com que ela desfrute de um amigo e companheiro que sempre estará ao seu lado e que a aceita sem pedir nada em troca. Os animais de estimação fazem a criança se sentir mais segura, confiante, útil, valorizada e importante, ajudando na sua
autoestima. São necessidades humanas indispensáveis para o desenvolvimento saudável até a vida adulta.
Cuidar do animal (alimentar, educar, treinar) ajuda a criança a se sentir competente, de maneira muito mais eficaz do que quando aprendem a fazer
coisas da vida diária. Os animais não sabem, mas ajudam e muito os pais a ensinar experiências que envolvem as emoções, responsabilidades e
consequências, desenvolvendo paciência, autocontrole, respeito, autonomia e liderança em seus filhos.
• Benefícios sociais:
O ser humano precisa das interações sociais para a satisfação de suas necessidades. Essa interação começa quando uma pessoa tem a percepção
do outro. Para que essa percepção seja bem-sucedida, é importante perceber o outro de forma correta.
Quando uma criança convive com algum animal, ela aprende a fazer a leitura corporal, que é um elemento fundamental para a empatia (capacidade de compreender o sentimento ou a reação do outro). A criança aprende a ver o próximo com mais facilidade, como alguém com características e sentimentos diferentes dos seus.
Essa aprendizagem ajuda a criança a não olhar apenas para si mesma, e a não ser egoísta. A compreensão dessa diferença faz dela um ser humano
mais sociável, com uma personalidade sadia e com uma ótima interação social. O animalzinho também pode servir como forma de comunicação, pois
favorece a aproximação entre pessoas, fazendo com que conversem de assuntos diversos.
As crianças mais tímidas podem ser muito beneficiadas pelo bichinho de estimação. Em situações novas, com pessoas desconhecidas, tendem a se
fechar. A presença do animalzinho reduz a ansiedade do ambiente e tira o foco de atenção da criança. Ao se sentir mais relaxada e segura, suas
chances de se relacionar com os outros aumentam significativamente.
• Benefícios cognitivos:
O desenvolvimento cognitivo é o processo de adquirir conhecimentos como: pensamento, linguagem, raciocínio, memória, atenção, percepção e imaginação. É nessa área do desenvolvimento que a criança percebe o ambiente externo em que vive e que nos relacionamos. Para adquirir esses
conhecimentos, não há segredo, somente aprender. O desenvolvimento cognitivo da criança passa por fases. A passagem de uma fase para a outra
depende dos estímulos que a criança recebeu e da reação da própria criança sobre esse novo conhecimento.
Se os pais enxergarem no animal de estimação um instrumento facilitador para a aprendizagem de seus filhos, eles terão um grande aliado. Um animal de estimação tem o “poder” de despertar o interesse e o prazer pelo conhecimento na criança. Por si mesmo, o animal representa um elemento
motivador.
Pesquisas mostram que as crianças que interagem, constantemente, com os animais apresentam maior desenvolvimento cognitivo, obtêm pontuação
maior em testes de QI (Quociente de Inteligência) e melhoram o rendimento na leitura, ao longo do tempo. Os bichinhos de estimação também ajudam na criatividade.
Mas antes de levar o animal para casa, não se esqueça de que ter um bicho requer muito compromisso. O animal não deve ser tratado como um brinquedo, precisa de cuidados em relação a vacinas, higiene, alimentação adequada e, claro, receber carinho e atenção.
A criança, na maioria das vezes, vai amar estar ao lado do animal, mas também haverá situações em que ela poderá sentir raiva ou se sentir
frustrada. Isso pode ocorrer no caso de o bichinho não a obedecer ou morder suas coisas. Provavelmente, a primeira reação da criança será de
querer bater ou gritar. É aí que os adultos devem interceder e explicar que o animal não sabe o que está fazendo e orientar a criança de forma a
aprender a lidar com ele com respeito e dedicação.
*Dr. Carlo Crivellaro é Pediatra com Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria; Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria; e Membro da Highway to Health International Healthcare Community
Este post é uma contribuição do Dr. Carlo Crivellaro para o Guia BH Mulher
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